4.12.07

Mudar


“Mudar não mudando.”

É isso que o que aqueles que estão se beneficiando com o modo operante da nossa sociedade estão a nos propor quando falam em “melhorar as coisas”.

Todos estão assustados com a crescente miséria, epidemias letais, guerras e as já corriqueiras tragédias naturais que não são nada menos do que um reflexo das alterações climáticas decorrentes de um século de intensa destruição e desrespeito à natureza, e, em última análise, à própria humanidade.

Também, só uma pessoa totalmente desconectada da realidade não se assustaria com isso.

O problema é que tem muita gente em todo o mundo que ainda ganha fortunas com a exploração de recursos naturais como petróleo, madeira, etc, ou ainda com a indústria armamentista. Outros alegam que a redução drástica na emissão de gases poluentes implicaria em custos que tornariam “insustentável” as suas atividades econômicas.

Todo esse sistema é mantido pelo “Estado de Direito”, uma ficção científica que só serve para o POVO respeitar a legislação sem questionar sequer a legalidade dessas normas.

Quando a legislação não é do interesse de grupos economicamente poderosos, é simples. Mudam-se as leis, ou passa por cima delas mesmo.

É o que a política global nos mostra. EUA e União Européia são ótimos exemplos, mas podemos citar também diversos casos ocorridos no Brasil, ou em qualquer parte do nosso mundo capitalista, monopolista e consumista.

Quem se lembra do caso da soja transgênica?

Passaram por cima da proibição até que o Presidente vomitou uma Medida Provisória, e fim de papo!

E o caso das empresas de celulose, que já foram corridas de alguns países e vem pra cá como a “salvação da pátria”?

Não vou nem falar muito sobre esses meros exemplos, pois acontecem todo o dia, e o leitor inteligente pode constatá-los facilmente abrindo algum jornal ou ligando a televisão.

Um problema que pode trazer conseqüências graves é o ambiental. A mãe natureza não é como o homem, que aceita ser subjugado sem nada fazer. Há quem pense ser possível escravizá-la, ou comprá-la, como fizeram com a sociedade vendendo falsas idéias de progresso, desenvolvimento e conforto. À natureza, contudo, não se pode enganar. Ela nos cobra, e sem distinções econômicas ou raciais. A lava do Vulcão queima tanto a casa do rico como a do pobre, a enchente, a Aids, a Gripe do Frango, o Tsunami ou o Terremoto, não querem saber qual o tamanho da conta bancária, nem dos prejuízos causados.

Quando as pessoas encarregadas de buscar soluções para problemas mundiais são as mesmas que se beneficiam do sistema da maneira como ele funciona, não se pode esperar que seja buscada uma alternativa sincera para a solução.

Em qualquer lugar do mundo, quando se fala em problemas como a violência urbana, a fome, a educação e/ou a saúde, há sempre uma comoção geral.

Depois sucedem planos assistencialistas que não passam de esmolas.

Não se resolve o problema da fome apenas dando um prato de comida para que precise. Nem o da saúde pública distribuindo remédios. Isso é caridade, solidariedade, ou descargo de consciência mesmo.

É necessário muito mais do que isso, precisamos romper com o paradigma social dos tempos atuais.

Dinheiro no mundo há de sobra, porém em sua maior parte está acumulado, concentrado na mão de parcela ínfima da população. Está coagulado, e assim impede, como o sangue quando coagula, o funcionamento harmônico de todo o corpo, ou seja, a sociedade.

A cultura da acumulação de capital, da exploração do trabalho alheio, considerando-se como tal inclusive o que se extrai da natureza e outros animais não menos irracionais do que a maioria dos cidadãos chamados normais está a nos matar.

Mas porque não começam a investir maciçamente em tecnologias alternativas que nos forneçam energia limpa e barata, por exemplo?

No mesmo sentido, porque não investem maciçamente contra a miséria e a desigualdade social, proporcionando à massa de marginalizados educação e saúde gerando assim oportunidades reais de desenvolvimento humano?

Isso é porque a noção de desenvolvimento sustentável chegou deturpada àqueles que ganham milhões explorando o mundo como ele é.

Pensam que desenvolvimento sustentável é aquele que for o melhor para sustentar os seus negócios, e por descargo de consciência, ou mesmo por uma ação de “marketing social” distribuem por aí umas migalhas como esmolas, ou usam papel reciclado nas suas propagandas e se vangloriam disso por toda uma vida.

Só sei de uma coisa, precisamos urgentemente acabar com essa cegueira.

Não podemos mais é continuar assistindo o noticiário se lamentando e culpando os outros. Isso já acontece há tempos, e de nada adiantou.

Precisamos mudar, mudando.

dez/2005

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