7.12.07

Mais Que Futebol




A culpa do futebol brasileiro estar no estado em que se encontra é de uma cultura muito difundida no Brasil, a cultura auto-destrutiva.

Assim como na política nacional, o povo, a torcida, os eleitores, a massa de manobra é relegada a um papel secundário nesse cenário de poder. Essa massa é enganada com afagos, elogios e políticas populistas, e aceita não sem criticar, mas, inerte, não faz mais que isso.

No futebol, o poder foi tomado por uma classe política que se alterna no comando das ações envolvendo a paixão nacional. Assim como na Grécia Antiga chamamos de democracia o que não passa de demagogia.

Em Atenas o voto censitário, que afastava do poder mulheres, escravos (os trabalhadores da época) e estrangeiros fez com que o regime dos demos (comunidades) se tornasse na prática o regime dos cidadãos (aproximadamente 1/10 da população).

O futebol brasileiro, recebeu o atual molde de uma minoria incapaz intelectual e moralmente de conduzir aquilo que é muito mais do que um esporte, é um sentimento capaz de unir as pessoas mais do que qualquer religião.

Os dirigentes governam conforme seus interesses pessoais, ou, no máximo, do grupo que representam. Atualmente parece consolidado o pensamento de que jogador bom, o craque tem que ser vendido. É uma incongruência com qualquer desejo de vitória e conquistas. Estão se indo os ídolos.

Esta é outra classe que aceita a comodidade da lógica implementada pelos nossos ‘governantes’, a dos jogadores de futebol. Em sua grande maioria são como prostitutas, mercadoria humana. Vendem falsos sentimentos, efêmero amor.

Não que todo o jogador tenha a obrigação de amar um único clube durante toda a sua vida profissional. Afinal, estamos falando em emprego, e o empregado deve sempre buscar para si uma melhor colocação.

O que falta é respeito, palavra, valores morais. Abandonar uma equipe no meio do campeonato, assinar um pré-contrato com um clube e jogar em outro que paga mais, corpo mole, simulação de lesões, etc, são atitudes de quem não tem o mínimo senso de responsabilidade e respeito pelas cores que veste.

Enquanto isso o povo fica reclamando dos nossos políticos dirigentes e dos mercenários jogadores. Mas o que pode ser feito para mudar isso? Digo mais, quem agiria diferente se estivesse na cômoda posição de um jogador ou de um dirigente?

Como esperar seriedade num País em que a corrupção é absurda e do conhecimento de todos, mas mesmo assim os Tribunais de Conta invariavelmente acabam aprovando todas as contas dos Governos?

Quando vamos ver em campo um Zico por mais de 700 jogos com a mesma camisa?

Quando mudar a mentalidade do brasileiro. Quanto os clubes forem submetidos periodicamente a auditorias verdadeiras. Quando houver a responsabilização civil e penal pelas maracutaias tão freqüentes. Quando o torcedor for tratado com respeito.

Será necessária uma revolução de valores!

A mesma revolução necessária na política, e em tudo mais. Os motivadores de nossas ações devem ser outros. É preciso que haja consciência de coletividade, em superação à individualidade.

O povo que reclama e nada faz, se estivesse no lugar dos comandantes estaria fazendo igual ou pior. Dessa forma, nada resultaria simplesmente trocar um grupo por outro no poder, é necessário trocar de valores!

O Presidente Lula e seu governo são a prova disso, mudaram as moscas, mas a mentalidade continua a mesma!

É necessário mais do que uma democracia fajuta para resolvermos os problemas do futebol, que na verdade são os mesmos problemas da economia, da política, do aquecimento global, das guerras do petróleo e de tudo mais que faz desse mundo tão desigual.

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